quarta-feira, 8 de outubro de 2014

AUTO DA COMPADECIDA (contexto)


Sobre o autor
Ariano Suassuna é um escritor nascido em João Pessoa, Paraíba. Defensor da cultura da sua região, o autor de Auto da compadecida lançou o Movimento Armorial, que se interessava pelo conhecimento e desenvolvimento das formas de expressão populares tradicionais.

Importância do livro
Auto da compadecida é uma peça teatral em forma de auto (gênero da literatura que trabalha com elementos cômicos e tem intenção moralizadora). É um drama nordestino apresentado em três atos. Contém elementos da literatura de cordel e está inserido no gênero da comédia, se aproximando, nos traços, do barroco católico brasileiro. Trabalha com a linguagem oral e apresenta também regionalismo através da caracterização do nordeste.

Período Histórico
A peça foi escrita em 1955 e encenada pela primeira vez em 1956. Anos mais tarde, foi adaptada para a televisão e para o cinema, em 1999 e 2000 respectivamente.

Análise

A peça trata, de maneira leve e com humor, do drama vivido pelo povo nordestino: acuado pela seca, atormentado pelo medo da fome e em constante luta contra a miséria. Traça o perfil dos sertanejos nordestinos que estão submetidos à opressão e subjugados por famílias de poderosos coronéis donos de terra. Nesse contexto, o personagem de João representa o povo oprimido que tenta sobreviver no sertão, utilizando a única arma do pobre: a inteligência. 

Fica evidente o cunho de sátira moralizante da peça, através das características de seus personagens. O padeiro e a mulher são avarentos, deixando passar necessidade o empregado enquanto cuidam bem do cachorro. O padre e o bispo, gananciosos, utilizam da autoridade religiosa para enriquecerem. Todos estes são condenados ao purgatório com a interseção de Nossa Senhora. Já Severino e o cangaceiro, apesar de todos os crimes cometidos em vida, são poupados por serem considerados vítimas naquela situação: a seca, a fome e toda a difícil realidade os obrigaram a levar este tipo de vida.

A peça é uma síntese do modelo medieval com o modelo regional: trabalha o tema religioso da moral católica (se aproximando dos temas barrocos), mas inserido no contexto nordestino, ou seja, regional. Por ser um dos objetivos do movimento modernista trabalhar tendências mundiais de forma regional, adaptando-se a nossa realidade, a peça pode ser considerada como uma tendência modernista.


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